Coluna escrita por Rodrigo Cordeiro
Quando Jorge Salgado ganhou as eleições para presidente do Vasco em 2020, tive o mesmo sentimento do resultado final do pleito anterior, quando Alexandre Campello foi o candidato eleito: “Nada que começa errado pode terminar certo”. E, nas palavras de Seu Jorge, tive razão.
A torcida vascaína é composta, em sua imensa maioria, não de milionários, não de ricos, mas de pessoas humildes, que a muito custo conseguem separar um dinheirinho para ir ao estádio, ou juntar os amigos e amigas para um churrasco, ou ir ao boteco beber uma gelada, ou ainda sentar no sofá de casa, mas sempre buscando assistir ao jogo para saciar sua paixão e desviar sua mente dos problemas do dia a dia.
Assim, muitas destas pessoas veem no Vasco um amor que não se pode explicar, alimentando sua alma de alegrias e tristezas, sem nunca ter recebido qualquer tipo de compensação financeira para tal, somente pelo simples fato de ser apaixonada por um clube centenário.
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Paixão no Vasco hoje é o dinheiro
No entanto, pessoas como Alexandre Campello, Jorge Salgado e tantos outros que lá estão tem sua paixão voltada para outra direção: o dinheiro. Aparentemente, quanto mais as pessoas se aproximam do dia a dia do clube, a paixão que um dia tiveram (se tiveram) pelo mesmo vai sendo substituída pela paixão ao dinheiro.
Traçando-se um paralelo, temos o caso icônico do ex-presidente do Palmeiras, Paulo Nobre, que ao ver a situação insolúvel que o clube caminhava, fez empréstimos à associação com juros bem abaixo do mercado, e grande prazo para quita-los. Hoje vemos como está o Alviverde.
No Vasco é exatamente o contrário: o atual presidente afirmou que, quando eleito, uma de suas primeiras atitudes seria a de “se pagar” (como já mencionado em outra coluna por este que vos escreve).
Já Alexandre Campello foi fisioterapeuta do Vasco durante anos a fio e, aproveitando-se da proximidade com Eurico Miranda e sua força política, foi derrotado na contagem dos sócios votantes, mas eleito pelo Conselho Deliberativo, pela primeira vez na história do clube em que a vontade dos apaixonados pela cruz de malta foi suprimida pela vontade dos apaixonados pelo dinheiro.
Portanto, o que vemos hoje na situação atual do nosso amado Gigante é, e tão somente é, a diferença das paixões que abarrotam os corações dos que cá estão, pesados e sofrendo com tudo o que o clube está passando hoje e nas duas últimas décadas, e os que lá estão no comando, refestelados com sua paixão que alimenta a insustentável leveza do seu ser.
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