Opinião: Ramón Díaz, a transformação que colocou o Vasco no rumo da salvação

Ramón Díaz
Foto: Daniel Ramalho

Em uma tarde marcada por uma catarse emocional em São Januário, o gol salvador de Payet nos acréscimos desencadeou não apenas a celebração dos torcedores do Vasco, mas também ressaltou a abordagem ambiciosa do treinador Ramón Díaz na luta contra o rebaixamento. O técnico argentino, conhecido como “Don Ramón“, assumiu o comando do clube em julho, em um cenário sombrio de apenas 9 pontos em 14 rodadas, indicando uma possível queda iminente.

Desde o início, a escolha provou ser acertada. Com um estilo de gestão que lembra o de um “manager”, o treinador não apenas assumiu as rédeas táticas, mas também se envolveu diretamente nas negociações, inclusive dialogando pessoalmente com os jogadores para convencê-los do projeto de recuperação. Essa influência direta do técnico argentino foi crucial para o ressurgimento do Vasco.

O sucesso dessa abordagem fica evidente nos números. Até agora, o nosso Gigante conquistou nove vitórias, quatro empates e sofreu seis derrotas em 19 jogos sob o comando de Ramón Díaz, alcançando um sólido aproveitamento de 54,3%. Essa reviravolta colocou o Cruzmaltino fora da zona de rebaixamento, uma realidade impensável nos primeiros meses da temporada.

A confiança de Ramón Díaz no grupo

Ao contrário de muitos rivais na luta contra o rebaixamento, o Vasco manteve uma estabilidade notável, especialmente considerando as mudanças frequentes de treinadores em outros clubes desde julho. Nomes como Renato Paiva (Bahia), Vagner Mancini (América-MG), Pepa e Zé Ricardo (Cruzeiro), e outros, passaram por processos de troca de comando, enquanto Ramón Díaz continuou a trabalhar consistentemente no CRVG.

A estabilidade não foi apenas nos bastidores, mas também se refletiu no relacionamento do treinador com o elenco. Conhecido por sua dualidade entre otimismo atencioso e alta exigência, Dom Ramón conseguiu recuperar jogadores que estavam em baixa, como Zé Gabriel, Maicon e Paulo Henrique. A confiança mútua entre o treinador e os jogadores foi fundamental para a resiliência do time, mesmo em momentos difíceis, como nas derrotas consecutivas para Flamengo e Internacional.

No discurso pós-vitória contra o América-MG, Ramón Díaz não se deixou levar apenas pela euforia do momento. Enfatizou que, para salvar um time, é necessário mais do que ganhos de partidas ocasionais, destacando a importância de bom desempenho, interpretar o jogo de outra maneira e manter um ritmo, dinâmica e pressão diferenciados. O treinador ressaltou que, apesar dos três pontos, a luta ainda não terminou, mantendo a concentração para o próximo desafio.

O Vasco volta a campo na quarta-feira da semana que vem, em um confronto direto contra o Cruzeiro, jogo adiado da 33ª rodada, em Belo Horizonte. Com Dom Ramón à frente, a torcida cruzmaltina agora acredita em um possível milagre, uma salvação que parecia improvável no início da temporada, mas que se tornou uma realidade palpável graças à transformação liderada pelo treinador argentino.

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