No ano de 1942, em meio aos desafios e sacrifícios da Segunda Guerra Mundial, o Club de Regatas Vasco da Gama protagonizou uma iniciativa notável em prol da Defesa Nacional. Há exatos 81 anos, o clube carioca doava um avião à Força Aérea Brasileira (FAB), marcando um capítulo extraordinário em sua história.
Tudo começou com o saudoso dirigente Joaquim Pereira Ramos, que havia oferecido um telescópio à Marinha Brasileira. Impulsionado por essa contribuição e pela participação vascaína na campanha pró-avião Pax, o então presidente do CRVG, Cyro Aranha, liderou uma empreitada exclusivamente cruzmaltina para a doação de uma aeronave às Forças Armadas — o Avião Vasco da Gama.
Uma comissão notável foi formada, composta por figuras como o Professor Castro Filho, Eurico Serzedelo, Rufino Ferreira, Arthur da Fonseca Soares (Cordinha), Lauro da Costa Rebelo, Bernadino Buentes, José Teixeira, Moacyr Siqueira Queiroz e outros grandes vascaínos. Presidindo a comissão, o “Almirante” José Ribeiro de Paiva conduziu o processo, contando com a colaboração de “Cordinha” e João Lamosa.
A campanha de arrecadação foi marcada pela criação de distintivos de lapela com a inscrição “Avião Vasco da Gama“, oferecidos aos contribuintes. Surpreendentemente, a meta de arrecadação foi alcançada em apenas 20 dias, demonstrando o apoio e a mobilização da comunidade vascaína.
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Entrega do Avião Vasco da Gama
A cerimônia de entrega do avião à FAB ocorreu em 10 de dezembro de 1942, no estádio São Januário, durante a preliminar da final do campeonato brasileiro de seleções entre o Distrito Federal e São Paulo.
O dr. Pedro Calmon, designado pelo Ministro da Aeronáutica, recebeu a doação em nome do Aeroclube de Salvador-BA para a instrução de novos pilotos. O evento contou ainda com a presença do paraninfo e vascaíno ilustre, Joaquim Fagundes Leal, que batizou a aeronave.
Em um artigo emocionante publicado no jornal A Noite, José da Silva Rocha (Rochinha), ex-presidente e historiador vascaíno, registrou o evento como um momento de reconhecimento e gratidão. O Professor Castro Filho, em suas palavras, expressou a emoção de contribuir para a Defesa Nacional em um momento crucial da história, destacando o grande coração do Vasco:
“Eu me sentia desligado daquela praça verde, palco de lutas desportivas gigantescas. O meu pensamento vagueava por outras paragens: o campo de lutas sangrentas e irreparáveis em que, naquela hora, por certo, preliavam, como heróis, muitos dos nossos atletas, tantos dos moços que ali receberam as primeiras lições de coragem e de civismo. O meu olhar turvado de lágrimas, estava preso aos graciosos movimentos do Pavilhão Nacional do grande mastro. Parecia-me ver nesse ondular de verde e ouro o aceno protetor e amigo do reconhecimento; eu via a Bandeira do Brasil a acenar para todos, como se lhes dissesse comovida: – Obrigada, Vasco, muito obrigada vascaínos; Deus vos conserve esse grande, esse imenso coração!”
O legado dessa iniciativa perdura como um símbolo da generosidade do Club de Regatas Vasco da Gama e sua contribuição significativa em tempos desafiadores, reafirmando não apenas a grandeza esportiva, mas também o compromisso com a pátria.
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