OPINIÃO – Vasco e Maracanã: por que vale a pena comprar essa briga?

Nova Iguaçu x Vasco
Foto: Reprodução

Todo vascaíno que se preza, ama São Januário. E isso é óbvio, é nossa casa. Nosso orgulhoso lar. Mas também sabemos que em tempos de vacas magras, o estádio já não nos comportava com segurança, zelo e carinho. Imagine agora que temos a possibilidade de tempos melhores. E por isso mesmo, temos direito à uma casa maior e nada melhor que o Maracanã.

Para começo de conversa, o eterno Maior do Mundo é de todos. Sua importância é tão grande para o futebol brasileiro que tivemos o Santos de Pelé sendo campeão mundial por lá além de seu milésimo gol. Fora as duas finais de Copa do Mundo, Olimpíadas, shows lendários e etc.

Mas quem começou a saga vencedora do querido Estádio Mário Filho foi o Gigante da Cruz de Malta que em 1950 foi o primeiro campeão no palco mais emblemático do esporte. Como prêmio, ganhou o direito de escolher para sempre o lado de sua torcida.

Após a reforma para a Copa do Mundo de 2014 e Olimpíadas de 2016, o novo consórcio resolveu ignorar isso e um dos nossos rivais mais mesquinhos se aproveitou disso para tomar o que era nosso por direito. No primeiro jogo contra eles nessa nova composição, metemos logo uns três gols com nosso Reizinho Juninho Pernambucano dando o recado de aquele era o nosso lugar.

Fora o fato de que fomos campeões brasileiros três vezes no Maraca, disputamos diversos outros jogos lendários por lá e sempre tivemos o direito de dizer que nossa casa também era ali.

Em primeiro lugar, defendo aqui o projeto para reformulação de São Januário. A nossa paixão precisa de modernidade e conforto e não cabe mais amadorismo como aconteceu com um torcedor recentemente que tinha uma filha autista e passou o inferno para tentar entrar na nossa casa. Isso é um absurdo e não pode mais acontecer.

Dito isto, repito que quero um estádio moderno mas que mantenha nossa essência, nosso cheiro de Vasco por cada pedaço daquele chão. No entanto, também sou obrigado a dizer que devemos jogar no Maracanã todas as vezes que quisermos porque cada um de nós pagou por aquilo ali.

Não foi uma empresa privada por livre e boa vontade que construiu e reformou aquele estádio lendário. Foram nossos familiares, amigos que até chegarem em nós, bancaram aquilo tudo. Então, como cidadão, como vascaíno, nós também temos o direito de frequentar aquele espaço.

Por isso, como sempre, vou estar do lado do Vasco nesse imbróglio do Maracanã. Para quem não sabe, a diretoria se reuniu com o governador Cláudio Castro em dezembro passado e reforçou o desejo de administrar o estádio.

Mas por picuinhas e disse-me-disse, saiu um vídeo desse pequeno polítiqueiro dizendo que tem a “convicção de que o Maracanã deve ser administrado por clubes de futebol e não simplesmente por empresas”. Além disso, chamou a 777 Partners, empresa que adquiriu 70% das ações da Vasco SAF, de “tal fundo 777”.

Em nota, Luiz Mello, CEO do Vasco, disse:

  • Fomos surpreendidos ontem (domingo) com as infelizes declarações do governador com respeito à licitação do Maracanã. Mas um ponto foi importante: ele disse que o Maracanã vai ser administrado por clubes de futebol. O Vasco é um clube de futebol. Saibam que iremos fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para que, quando as regras forem publicadas, o Vasco consiga entregar a melhor proposta possível.

A 777 também se manifestou de forma oficial nas palavras de Juan Arciniegas, diretor geral e chefe de esportes, mídia e entretenimento da empresa, que reafirmou “o compromisso em transformar este ícone global esportivo numa das melhores arenas no mundo”.

Obviamente, isso parece mancomunado para favorecer “vocês-sabem-quem”. Até porque no processo de licitação suspenso em 2022, o Vasco, em parceria com a WTorre e a empresa norte-americana Legends, disputaria a concessão contra a dupla fra-fru, que atualmente administra o Maracanã. E sem dúvida, nossa proposta seria melhor mas magoadinhos por termos jogado na marra no estádio ano passado, podem estar mexendo por debaixo dos panos da mesa de negociação.

O que sabemos no entanto é que o processo foi paralisado pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE), que executou uma avaliação técnica e pontuou diversos trechos que precisariam ser modificados. Assim sendo, ainda determinou que a licitação fosse refeita e que agora se encontra em fase de elaboração na Casa Civil do Estado sem data para o recomeço do processo.

O que defendo: que lutemos até o fim pelo direito de jogar no Maracanã. E ainda reformemos São Januário. Mas até lá ainda sugiro jogar fora do Rio só de sacanagem. Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sul, o Vasco é um clube nacional com torcedores espalhados por esse Brasil do Oiapoque ao Chuí.

E com um detalhe importantíssimo: aqui se torce o tempo todo, na alegria e na tristeza. O medo deles em nos verem tomando decisões fortes como essa, me dá mais vontade de torcer para que lutemos até o fim pelo Maracanã que também é muito nosso!

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