Gratidão. É impossível começar um texto de agradecimento ao melhor jogador do Vasco em sua mais tenebrosa era sem ter o sentimento de gratidão em primeiro lugar. Sim, porque a história vai lembrar de Nenê, do nosso camisa 10, como alguém que não nos abandonou quando mais necessitamos de ajuda.
No futuro será fácil querer jogar no Vasco com uma estrutura digna, com salários em dia e esportividade em alta. Mas quem capinou a mata pra isso acontecer foi o velho, quando qualquer atleta minimamente competitivo nos virava as costas. Foi o Vovô que com sua perna esquerda abusada canetava geral, cruzava com a mão e chapava como só ele sabia fazer mesmo quando a vontade de xingar era maior por não entregar tudo aquilo que sabíamos que podia.
Lembro de um jogo contra o Botafogo, no Brasileirão de 2017, onde Nenê estava mal na partida. 0x0. Jogo chato, truncado e todo mundo pedindo a substituição dele e eu dizia a um amigo que via o jogo comigo: “você é maluco, não se tira o melhor jogador do time nunca“.
Dito e feito! Final de jogo, ele recebe uma bola, disputa corpo a corpo com um defensor adversário e chuta de fora da área no canto. Vasco 1×0 e vencedor do clássico. Ao final daquele campeonato, estávamos de volta à disputa de uma Libertadores.
Isso foi uma das inúmeras redenções de Nenê desde quando chegou em 2015 e sozinho, quase conseguiu evitar um rebaixamento que era dado como certo desde o primeiro turno. Lutamos muito até o final e até hoje acho aquele ano mais injusto que 2011 quando disputamos o título. No entanto, foi com ele em campo que ficamos dois anos ininterruptos sem perder para o nosso maior rival.
Naquele ano, no Maracanã, com gol dele, batemos o Flamengo por 2×1 no Brasileirão. Já na Copa do Brasil, quando Emerson Sheik e Paolo Guerrero comemoravam por pegar o Vasco, nosso camisa 10 cruzou aquela bola deliciosa na cabeça de Rafael Silva no minutos finais do jogo para eliminarmos os urubulinos da competição.
No ano seguinte, mais vitórias em cima do arquirrival e título carioca invicto. Logo depois, vem o brilho do craque no Brasileiro da Série B com o iminente retorno à Série A e a já citada classificação à Libertadores em 2017.
Após uma saída conturbada por conta da troca de presidentes do Vasco e uma desgastada imagem junto aos torcedores, o meia se aventura por São Paulo e Fluminense antes de retornar à São Januário para – mais uma vez – tentar ajudar o clube a voltar à Série A.
De novo não consegue salvar quem não quer ser salvo, mas emocionado, diz que não para de jogar enquanto não devolver o Gigante ao seu lugar de origem. E é exatamente o que ele faz. Numa Série B complicada com seis campeões brasileiros, Nenê é fundamental – mais uma vez – para trazer o Vasco de volta com 11 assistências, 12 gols e 23 participações ofensivas que resultaram em vitórias nos 45 jogos que disputou em 2022.
Além disso, inspirou jovens talentos como Andrey Santos, Marlon Gomes e Eguinaldo a entenderem melhor o seu jogo e que idade não significa coisa alguma quando a cruz de malta está cravada no peito.
Neste ano de 2023, entrou como uma possibilidade de jogar somente o Carioca e apesar de se tornar reserva, aceita o seu momento aos 41 anos. Ainda assim há tempo para completar 200 jogos e anotar um último golaço na partida contra o Trem-AP pela Copa do Brasil.
Em sua saída injusta, esses são os números de Nenê:
✅ Segundo maior artilheiro do Vasco no Século 21: 63 gols
✅ Líder do Vasco em assistências no Século 21: 51 assistências
✅ Segundo jogador do Vasco em participações em gols no Século 21: 114
? Carioca 2016 (invicto)
✅ Artilheiro do Vasco em 2016 e 2017
✅ Respeito em vestir a camisa do time com história mais bonita do planeta quando todos os outros caçoavam.
Anderson Luiz de Carvalho. Nenê para o mundo do futebol. Ídolo para uma apaixonada torcida e também calador de bocas ingratas. Tua falta naquela meiuca será sentida, seus passes e cruzamentos em jogos difíceis também.
Sabe aquele pênalti salvador que determina todo o futuro do clube? Então, só você sabe bater. Só você bateu. Só você pôde colocar o Vasco num caminho que promete novamente ser de glórias. Mas para isso acontecer, primeiro teve de vir você quando ninguém mais acreditava.
Como disseram uma vez: Nenê é ídolo do Vasco. Pode não ser seu, pode não estar na prateleira de outros. Mas é. Obrigado. Volte logo.
P.S.: Fotos acima são meu doguíneo Nenê, que peguei em 2016 e viu o Nenê original ser campeão carioca invicto. Eles ainda irão se conhecer. 😉
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