O clima de incerteza envolvendo o futuro da Sociedade Anônima do Futebol (SAF) do Vasco da Gama voltou a ganhar força. A recente movimentação jurídica da 777 Partners, afastada da gestão da empresa por uma liminar judicial, reacendeu discussões sobre o destino do clube e as condições do acordo firmado com o fundo estadunidense. Com interesses políticos e financeiros em jogo, o futuro do CRVG depende de desdobramentos que vão muito além das quatro linhas.
A disputa judicial colocou a 777 em rota de colisão com a diretoria do clube, liderada pelo ex-jogador e presidente Pedrinho. Acusações de inadimplência e dúvidas sobre a solidez financeira da empresa alimentaram a tensão entre as partes. Agora, o clube enfrenta a possibilidade de novos desdobramentos, incluindo uma eventual venda da SAF.
As informações apuradas a seguir são do site Máquina do Esporte.

O futuro da SAF: venda ou permanência da 777 Partners?
A incerteza sobre o controle da SAF abriu margem para especulações sobre uma possível venda do ativo. Interessados como o bilionário grego Evangelos Marinakis e instituições como o BTG Pactual foram apontados como potenciais compradores. Entretanto, a insegurança jurídica que cerca o caso dificulta qualquer negociação imediata.
Hoje, a 777 Partners ainda detém 31% do capital da SAF, enquanto 39% estão sob controle do clube associativo, graças à decisão judicial. Esses 39% são fundamentais para qualquer nova negociação, pois a lei exige o aval da empresa afastada para a concretização de uma venda.
Para tentar retomar o controle da SAF, a 777 protocolou um agravo interno que busca reverter a decisão judicial da 4ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro. Além disso, a empresa aguarda a indicação do presidente da corte arbitral mediada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), que pode atuar como mediador no conflito.
Fontes ligadas ao fundo estadunidense destacam que o principal objetivo da empresa é reaver os investimentos realizados no clube. Caso consiga uma decisão favorável, a 777 Partners ainda avalia vender sua participação, mas somente após recuperar parte do prejuízo. “O objetivo da 777 é reaver seus direitos”, afirmou uma fonte ligada ao caso.

O papel da A-CAP na disputa pelo Vasco
A situação financeira da 777 Partners é agravada por disputas internacionais. No caso do clube italiano Genoa, a empresa foi recentemente removida da gestão pela A-CAP, sua maior credora. A A-CAP agora controla parte dos ativos da 777 Partners, o que impacta diretamente na disputa envolvendo o Vasco. Por ser uma entidade externa ao contrato da SAF, a A-CAP não pode realizar aportes financeiros diretamente no clube. Esse cenário contribui para a instabilidade financeira que ronda a SAF vascaína.
O vice-presidente jurídico do clube cruzmaltino, Felipe Carregal, negou que a atual diretoria cruzmaltina tenha premeditado a exclusão da 777 Partners. Ele explicou que a decisão de buscar a suspensão dos direitos societários foi tomada após a empresa não apresentar garantias financeiras:
“Esse papo é mentira. Não somos videntes. Entramos como sócios minoritários, com o objetivo de fiscalizar o acionista majoritário. O presidente Pedrinho sempre afirmou que cumpriria com esse nosso dever.”
Carregal revelou que a diretoria tentou agendar reuniões com Josh Wander, cofundador da 777 Partners, mas o executivo teria se ausentado. Quando questionado, Wander atribuiu as notícias negativas à “inveja” de concorrentes internacionais:
“Na terceira reunião, presencial, pedimos garantias financeiras de que a empresa teria condições de realizar o aporte de R$ 370 milhões. Ele afirmou que tudo estava bem, mas não apresentou documentos que provassem isso”, completou Carregal.
Embora o Vasco tenha tomado medidas para garantir a continuidade do futebol profissional, o clube enfrenta um futuro nebuloso. O contrato da SAF prevê alternativas para evitar judicializações, mas até agora essas soluções não foram acionadas. Caso a 777 Partners perca a disputa judicial, o clube poderá buscar novos investidores, mas enfrenta o desafio de superar a insegurança jurídica que afasta potenciais compradores.
“Hoje, o que existe é muita especulação. Várias empresas da Faria Lima estão de olho no negócio, mas a insegurança jurídica é imensa, pois ninguém sabe quem é do dono de fato da SAF. No fim das contas, estão reduzindo a cinzas um ativo espetacular como o Vasco, que tem uma história maravilhosa e uma torcida imensa“, avalia uma fonte ouvida pela reportagem da Máquina do Esporte.
A disputa jurídica não apenas define o futuro do Vasco, mas também reforça a importância de contratos sólidos e estratégias bem estruturadas no modelo de SAFs no Brasil.

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