Opinião – Realidade x Expectativa: ”vamos ser menos frios e mais coração, 777!”

Por Cadu Costa

Como todos os sócios decidiram desde setembro deste ano, o Vasco da Gama agora é Sociedade Anônima de Futebol, a popular SAF. E isso deixou torcedores em alvoroço esperando as contratações do nível de adversários como Palmeiras, Atlético-MG e mais diretamente, o arquirrival Flamengo.

Final de ano, Vasco consegue o acesso, SAF assume, começam as especulações e vem o sonho do supertime. Canta comigo os reforços que você esperava: Marcelo Grohe, Allan, Junior Urso, David Teerans, Phillipe Coutinho e se deixar sonhar mais Cristiano Ronaldo treinado por Tite ou Juan Pablo Vojvoda.

Mas a realidade bate à porta e o time só fez dispensas, renovou com Nenê (ok) e trouxe o volante De Lucca, do Bahia, o zagueiro Léo do São Paulo, o atacante Pedro Raul, do Kashima Reysol do Japão e podem chegar o lateral-esquerdo Lucas Píton, do Corinthians, o goleiro Ivan, do Zenit-RUS e o meia-atacante argentino Lucas Orellano, do Vélez Sarsfield para serem comandados pelo Maurício Barbieri em baixa no Bragantino.

A 777 comprou 70% da SAF do Vasco
A 777 comprou 70% da SAF do Vasco

Longe de qualquer juízo de valor, o que quero dizer aqui é que embora saibamos que a SAF é uma empresa e por isso, lucro é a palavra que os move, o que foi vendido era uma outra realidade. Nos foi ofertado acreditar em contratações de impacto e para o vascaíno que há mais de 20 anos sonha com algo, Phillipe Coutinho, Paulinho eram nomes que trariam essa sensação.

Ok, contratamos o vice-artilheiro do último Campeonato Brasileiro, mas se pararmos pra pensar que o artilheiro até outro dia estava aqui, traz um sentimento esquisito. Em outros tempos, um nome como Pedro Raul dificilmente viria, realmente o sarrafo para contratações aumentou. Mas quem vai jogar com ele?

Renovar com Nenê é um acerto em minha opinião. O vovô garoto é referência do Vasco desde 2015, inclusive quando saiu. Mas ele tem 41 anos e sinceramente, não sei se aguenta uma temporada inteira…e nem deveria. O tempo do ídolo, infelizmente passou.

Era hora de chegar outro e não vejo nome melhor para aplacar a ansiedade vascaína que o nosso Little Couto. “Ah, Cadu, mas o salário dele é o triplo de qualquer jogador do Brasil…” Meu amigo, faz a oferta, demonstra interesse como o Corinthians tá fazendo, como nosso rival fez. Diz que neste país, ele só vai jogar aqui.

“Ah, mas a 777 não vai investir em medalhões, ela busca jogadores jovens que rendam e possa fazer dinheiro…” Papo furado, Paulinho tava de bobeira, avisando que queria voltar ao Brasil e ninguém se mexeu.

O sonho de trazer Phillipe Coutinho de volta tinha de, ao menos, ser expressado. Que ele ganha 806 mil euros por mês, todo mundo sabe. Mas também se sabe que ele não está feliz no Aston Villa e até entrou no jogo de ontem vindo do banco, na derrota para Liverpool por 3-1, com a cara mais fechada que eu quando o Edimar corre pela lateral.

O técnico Unai Umery que comanda o time britânico até desconversou dizendo que Coutinho ainda pode chegar em sua melhor versão possível. Também acho. Com a 10 nas costas e cruz de malta no peito, chega tinindo para a Libertadores 2024 e o título da Copa do Brasil 2023.

Coutinho é um sonho do torcedor do Vasco
Coutinho é um sonho do torcedor do Vasco

E o Lucas Orellano? Bom jogador que pode evoluir aqui. Só acho que vai ser cobrado por conta de ficar enrolando para acertar esperando oferta de time europeu. No Vasco tem de jogar porque quer. Aqui temos a história de Alfredo II, ídolo vascaíno na década de 40, que quase foi parar no Flamengo, mas não se conteve e chorou sob o contrato antes da assinatura e retornou ao nosso clube.

Então abre o olho, Orellano, que a cobrança vai vir firme! Ainda mais que estamos com ranço de argentino desde o último dia 18. Mas ele vai vir e arrebentar ou então vai sair e jogar no Fluminense, caminho natural de argentinos por aqui.

Por fim, bora Vasco, vamos ser menos frios e mais coração, 777! Um adendo: o empresário de Phillipe Coutinho, Cacau Barbosa, diz que não há negociação alguma envolvendo qualquer clube brasileiro com o jogador e que ele não volta pro país agora. Ainda confirmou que o Flamengo não fez proposta e nem deveria porque nosso menino não vai jogar lá nunca. Mas isso, todo mundo também já sabia.

Fecho a coluna dedicando esse primeiro contato aos meus filhos Jonathan Davis e Daniel Morrison, vascaínos fanáticos que ainda sabem sonhar mesmo com a realidade sendo dura. Mas é aquela história, né…enquanto tiver um coração vascaíno…

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