Por Diogo Nogueira
A avaliação acerca da contratação de Maurício Barbieri deve ser feita de acordo com a sua carreira completa até chegar no Vasco. Só que a maioria dos torcedores não vão se importar com isso, e sim argumentar que a SAF deveria ir atrás de alguém mais “renomado” no mercado. A vinda do técnico balançou a torcida do Vasco e grande parte dela proferiu críticas. A verdade é que isso mostra que o tempo de Barbieri no Rio deve ser limitado. Dos argumentos usados, os mais recorrentes foram:
“Técnico do Bragantino vindo pro meu time? Somos maiores do que isso”
“Não era a melhor opção, esperava um nome diferente”
Jovem e estudioso, Barbieri comandou incialmente o Red Bull Brasil (Não é o Bragantino), e como qualquer pessoa ele não chegou já vencendo. Por lá, acumulou eliminações na Série D e na Copa Paulista. No Guarani, em 2017, ele viveu momentos turbulentos e foi demitido após seis jogos à frente do Bugre. Quando foi para o Desportivo Brasil, amargou mais uma eliminação na Copa Paulista.
Já em 2018, passou a ser o substituto de Carpegiani no comando técnico do Flamengo, onde foi eliminado na Copa do Brasil e na libertadores. Contudo, saiu com uma boa média: 19 vitórias, 11 empates e nove derrotas em 39 jogos. Ele ainda passou por Goiás, América-MG e CSA. Até que Barbieri iniciou o trabalho no Bragantino, clube em que o treinador mostrou bastante evolução como profissional. Em Bragança Paulista, ele alcançou a final da Copa Sul-Americana de 2021 e o resultado foi o vice-campeonato. O saldo foi positivo por lá: 63 vitórias, 47 empates e 50 derrotas. A partir da definição da SAF, o Vasco de hoje em dia se encontra em evolução, pois sabemos que o clube estava completamente ultrapassado neste século. De certa forma, também é o caso de Barbieri, que é um treinador atrás de evolução, a qual conseguiu. Pensando por esse lado, Maurício Barbieri junto ao cruzmaltino pode proporcionar ambições de interesse mútuo.
O primeiro técnico da 777 partners balançou no cargo antes mesmo de iniciar o trabalho, o que é graças aos vascaínos apressados que durante anos são responsáveis por queimar quem passa pelo clube. Claro que os intensos sofrimentos, nos quais inclui rebaixamentos, são boas razões para a torcida se tornar um tanto amargurada, e isso é completamente normal. Porém, essa mentalidade transfere um ambiente que piora ainda mais a situação do clube. A 777 é a responsável por mudar isso, oferecendo um trabalho competente e longevo para o CRVG ao manter Barbieri o quanto tempo for preciso, contudo, estamos falando do futebol brasileiro. Os americanos terão que se “adaptar” e “superar” essa cultura centrada em reclamações e cornetas.
Apenas para ficar claro, o que estou querendo dizer não é que a torcida do Vasco seja a culpada pelo que acontece de ruim no clube. A questão é que a reconstrução do cruzmaltino caminhará muito melhor com uma participação sadia do torcedor, compreendendo a importância do processo.
Mas por que o Barbieri já pode estar propenso a um trabalho curto no Vasco da Gama? Vamos a algumas constatações importantes. O clube carioca é o grande que mais trocou de técnicos no século XXI. Foram 50 trocas, tendo 36 treinadores à beira do campo. Segundo cálculos do portal GE, um treinador permanece cerca de seis meses em seu cargo num clube expressivo do futebol brasileiro. Só em 2020, numa única temporada, o Vasco teve quatro técnicos. O resultado disso? Rebaixamento. Esses trabalhos inacabados são uma marca do futebol nacional e é a pressão da torcida que conspira a favor disso. Se o Vasco como clube prevalecer, Barbieri terá dias curtos no Gigante, agora, se a participação dos americanos for incisiva, poderemos ter novidades.
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