O Vasco não ficou nem cinco dias sem um diretor executivo após a saída de Paulo Bracks. A empresa estadunidense 777 Partners, dona de 70% do departamento de futebol foi rápida no mercado e trouxe Alexandre Mattos para o lugar.
Gabaritado com diversos títulos nacionais no currículo, Mattos também vai ter de enfrentar também a fama de gastador no ano que o clube carioca vai ter um orçamento de aproximadamente R$ 270 milhões para contratações e fortalecimento da equipe comandada por Ramón Díaz.
E como foi realmente a atuação do diretor nos clubes por onde ele trabalhou? O Vascaino.net foi conversar com alguns colegas e traz agora essa informação.
Últimos trabalhos de Alexandre Mattos
Cruzeiro
Após um início de carreira promissor no América-MG – onde ajudou o time a sair da Série C para a A -, Alexandre Mattos chegou ao Cruzeiro em 2012. Por lá, ficou famoso por trazer jogadores como Ricardo Goulart e Éverton Ribeiro e conquistou o bicampeonato brasileiro 2013/2014 além de um Mineiro em 2014. Ele saiu em 2015 e teve um breve retorno no final de 2021.
O jornalista Matheus Braga, do Zeiro.com.br, falou sobre a passagem do dirigente pela Raposa nos dois momentos:
O primeiro trabalho dele no Cruzeiro foi muito interessante. Montou o time que foi bicampeão brasileiro em 2013/14. Contratou jogadores desconhecidos que jogaram muita bola, como Éverton Ribeiro e Ricardo Goulart. No fim de 2021, antes do clube se tornar SAF, ele foi “contratado”, mas não chegou a assinar pois estava de férias nos Estados Unidos, e começou a trabalhar de lá mesmo. Aí não fez boas contratações. Trouxe jogadores péssimos com salários absurdos, inclusive o goleiro Jailson, ganhando quase R$ 500 mil pra ser banco. Semanas depois chegou o Ronaldo, o demitiu e cortou quase todos os jogadores que ele contratou.
Perguntado se ele seria uma boa para o Vasco, o colega respondeu:
Eu acredito que não foi a melhor opção para o Vasco, principalmente por ser SAF. Poderia ter buscado um outro tipo de diretor mais alinhado com as ideias “modernas” que esses modelos estão buscando.
Na Toca da Raposa, Mattos, só em três vendas, arrecadou mais de R$ 200 milhões:
- Ricardo Goulart, 15,5 milhões de euros para a China.
- Éverton Ribeiro, 12,5 milhões dólares para os Emirados Árabes.
- Lucas Silva, por 15 milhões de euros para o Real Madrid.
Palmeiras
Após deixar a Raposa, Alexandre Mattos seguiu para o Palmeiras. Em São Paulo, chegou fazendo história e logo foi campeão da Copa do Brasil em 2015.
No ano seguinte, montou o time que ganhou o Brasileirão e vem daí sua fama de ‘gastador’. Na época, diversos memes foram feitos sobre isso.
Mas se Alexandre Mattos gastava, ele também arrecadava em igual proporção. Confira a lista de jogadores que renderam uma boa grana para o Verdão:
No Palmeiras fez R$ 518,8 milhões em vendas de atletas.
- Gabriel Jesus: R$ 149,6 milhões (2016)
- Yerry Mina: R$ 53,9 milhões (2017)
- Roger Guedes: R$ 43,4 milhões (2018)
- Keno: R$ 41,6 milhões (2018)
- Luan Cândido: R$ 36,6 milhões (2019)
- Vitor Hugo: R$ 36,5 milhões (2017)
- Moisés: R$ 29,6 milhões (2019)
- Fernando: R$ 25,1 milhões (2018)
- Tchê Tchê: R$ 21,9 milhões (2018)
- João Pedro: R$ 18,2 milhões (2018)
- Leandro Pereira: R$ 16 milhões (2015)
- Vitão: R$ 13,7 milhões (2019)
- Cristaldo: R$ 11,6 milhões (2016)
- Thiago Martins: R$ 8,3 milhões (2019)
- Leandro: R$ 5 milhões (2017)
- Mendieta: R$ 3,1 milhões (2017)
- Daniel Fuzato: R$ 3,4 milhões (2018)
- Rodrigo Farofa: R$ 1 milhão (2017)
Em 2018, foi campeão brasileiro mais uma vez. Saiu em 2019 após derrota para o mágico Flamengo de Jorge Jesus e sob protestos da torcida.
Falamos com o jornalista Marcos Eduardo, do Nosso Palmeiras e apesar da saída um tanto conturbada, o profissional lembrou com carinho do dirigente e deu sua opinião sobre a chegada dele na Colina:
O elenco quase todo do Palmeiras hoje, do time bicampeão brasileiro e da Libertadores, foi montado pelo Alexandre Mattos. É um cara agressivo no mercado, sabe contratar, quando entra numa negociação, dificilmente perde. Por exemplo, Dudu veio pro Palmeiras após ele aplicar um chapéu no São Paulo e no Corinthians. É um cara querido por aqui e muita gente ainda pede por sua volta. Com o investimento que o Vasco vai ter em 2024, ele pode dar muito certo no clube.
Atlético-MG
Após sair do Verdão, Alexandre Mattos voltou pra sua terra natal e assumiu a direção executiva do Atlético-MG em 2020. E chegando num momento de pandemia de Covid-19, seus feitos não foram os mesmos. Ainda assim, conquistou o Campeonato Mineiro daquele ano com o grupo.
Conversamos com Alessandro Campos, setorista no portal AtleticoMG.net, que fez um apanhado geral da passagem de Mattos pela Cidade do Galo:
Alexandre Mattos veio trabalhar no Atlético-MG numa época de transição do clube, logo após a eliminação para o Afogados-PE na Copa do Brasil. Ali, o então presidente Sérgio Sette Câmara demitiu diversos profissionais e iniciou uma reformulação onde chega o Jorge Sampaoli como treinador e o Alexandre Mattos como diretor executivo.
Era época de pandemia, não existia um departamento de futebol como existe hoje. Mas o presidente à época quis gastar mais para dar uma resposta àquela eliminação vergonhosa em seu último ano de mandato. E na minha visão, o Mattos é bom pra isso. Quando você tem dinheiro, quando quer e pode gastar. E ele trouxe bons nomes como Júnior Alonso, Zaracho, Keno, entre outros.
Mas em 2020, em época de pandemia, onde se perdia jogadores por Covid-19, o técnico Sampaoli comemorou aniversário com os atletas e o Mattos esteve presente. A mídia especulou que esse foi o motivo para tantos jogadores terem se contaminado e ficado fora de jogos importantes.
Então ele teve alguns deslizes de gestão de grupo onde naquele momento não era tão importante gastar. Pra mim, ele pecou em não consolidar um departamento de futebol. E foi nesse ponto que Rodrigo Caetano fez um excelente trabalho.
Apesar dos problemas apontados Alessandro enfatiza que Mattos fez o Galo voltar a competir.
Em janeiro de 2021, o novo presidente Sérgio Coelho o demite – com uma certa surpresa – já que o Atlético-MG termina o Brasileiro em 3º onde desde 2016 não chegava entre os 4 primeiros. E isso foi feito na gestão de Alexandre Mattos, ele mudou o Galo de patamar.
E faz um alerta aos vascaínos:
Mas a verdade é, com dinheiro, Alexandre Mattos é bom, mas para administrar conflitos, ele peca bastante.
Athletico
Alexandre Mattos então vai respirar o ar gelado de Curitiba e assume o departamento de futebol do Athletico em janeiro de 2022. Seu cargo oficial é CEO de Negócios de Futebol e Áreas Nacional e Internacional.
E faz história de novo ao levar o time paranaense à final da Libertadores daquele ano onde acaba derrotado pelo Flamengo no Monumental de Guayaquil, no Equador.
Porém, ele também conquista o Campeonato Paranaense de 2023 e consegue a segunda maior venda do futebol brasileiro para a Europa, depois de Neymar: Vitor Roque para o Barcelona por 74 milhões de euros.
Conversamos com Leonardo Bonassoli, do portal Futebol Metrópole, que cobre o futebol da região, e foi enfático sobre o tempo de Alexandre Mattos na Arena da Baixada:
Eele teve erros e acertos por aqui. Pegou um negócio bom de saída que foi o Vítor Roque, assim como umas que não deram certo ou não deram certo ainda. Acho até que encheu prateleira em umas posições e esvaziou em outras. Se tiver orçamento bom, ele vai trazer gente de peso. E o Vasco, historicamente, não tem medo de estourar orçamento.
E o que diz Alexandre Mattos?
Em mensagem a Flávio Dias, do canal Atenção Vascaínos!, Mattos refutou o apelido de gastador e de somente funcionar com grandes quantias à disposição. Para ele, é possível montar times bons com orçamentos menores:
Eu não sou gastão não. Muita gente acha que eu só trabalho com orçamentos altíssimos, minha folha no Athletico-PR era de R$ 5 milhões e a gente conseguiu muita coisa. Essa fama surgiu no Palmeiras por causa de política, muitos achavam que no Palmeiras eu só trabalhava se tivesse dinheiro. A gente consegue fazer coisas boas com orçamento médio.
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