São Januário pode ter interdição revertida mas juiz revela preconceito com torcedores do Vasco; veja resposta do clube

São Januário é e sempre será a casa do Vasco da Gama. Jogar lá, diante de um caldeirão de 20 mil pessoas, sempre foi um terror para os adversários. Contudo, ultimamente, o efeito de “território hostil” tem sido o contrário.

É justamente o Cruzmaltino que tem sofrido as derrotas e a pressão da torcida parece ter mudado de lado. Somente neste Campeonato Brasileiro, o time foi vencido por Bahia, Santos e Goiás dentro de seus domínios.

Com esse último, a fúria dos vascaínos causou a interdição da Colina Histórica e punição de 30 dias para o Vasco jogar longe dos seus.

Mas o departamento jurídico do clube parece querer reverter o quadro como veremos mais abaixo.

São Januário
Vasco busca reverter interdição de São Januário – Foto: Divulgação Vasco

São Januário a tempo de Vasco x Cruzeiro

Como citado acima, o departamento jurídico do Vasco estuda quais seriam os melhores passos para reverter a interdição da Colina a tempo de encarar o Cruzeiro em casa no dia 14 de julho.

Os advogados vascaínos devem apresentar um novo recurso nesta quarta-feira (28) para tentar derrubar a liminar que está em vigor. Caso não surta efeito, o clube terá que esperar a realização de perícia e emissão de novos laudos de segurança num processo que pode ser demorado.

E obviamente, o Vasco entende que não tem esse tempo todo. Além disso, o clube luta contra outra frente: o preconceito social.

Isso porque o magistrado do Juizado do Torcedor que estava de plantão em São Januário na quinta-feira do jogo contra o Goiás, fez um relato bastante infeliz. Segundo ele: “…todo o complexo é cercado pela comunidade da Barreira do Vasco, de onde houve comumente estampidos de disparos de armas de fogo oriundos do tráfico de drogas, o que gera clima de insegurança para chegar e sair do estádio“.

Em resposta, o Club de Regatas Vasco da Gama emitiu um comunicado na segunda-feira seguinte lamentando as “manifestações preconceituosas” do magistrado.

Tentar induzir que São Januário não tem condições de receber jogos de futebol por estar localizado numa área popular da cidade é um desrespeito com o Vasco da Gama e seus torcedores.

Veja a íntegra da resposta do CRVG:

O Club de Regatas Vasco da Gama vem a público repudiar de forma veemente as manifestações preconceituosas lançadas nos últimos dias contra nosso Estádio de São Januário.

Infelizmente não são as primeiras.

Tentar induzir que São Januário não tem condições de receber jogos de futebol por estar localizado numa área popular da cidade é um desrespeito com o Vasco da Gama e seus torcedores.

Nosso estádio é localizado, sim, na Barreira do Vasco, e também próximo ao Morro do Tuiutí e da comunidade do Arará. Estamos enraizados numa área popular da Zona Norte do Rio de Janeiro e isso é motivo de orgulho para as vascaínas e vascaínos.

Condicionar uma área popular, uma comunidade ou uma favela, a atos de violência ou degradação moral é absolutamente inaceitável.

Nos fazem lembrar do tempo em que certas ligas esportivas proibiam negros e brancos de baixa condição social de jogarem o futebol, porque na visão dos dirigentes dessas associações, essas pessoas, de forma natural, não teriam condições morais de praticar esse esporte.

Nosso estádio é fruto da luta contra o racismo e o preconceito social no futebol. Ele foi construído com o trabalho, suor e dinheiro dos vascaínos e, há quase 100 anos, recebe torcedores em segurança e perfeita integração com seu entorno.

A Casa do Povo fica na Barreira do Vasco.