Por Fabio Torres
Começo o texto me incluindo neste grupo de vascaínos que reclamavam pela lentidão para anunciar os reforços do Vasco para 2023. Sigo achando que falta muito, mas foi um pontapé inicial bem interessante e promissor. Analisando com certa frieza, podemos perceber o quanto esta contratação é valiosa para o Gigante da Colina. O clube gastou cerca R$ 10 milhões para comprar o vice-artilheiro do Campeonato Brasileiro e um dos atletas mais em alta do país. Estava na pré-lista do Tite para a Copa do Mundo de 2022. Quando poderíamos imaginar este tipo de operação no modelo associativo? Seria impensável.
O torcedor precisa se acostumar (eu me incluindo novamente) com o novo modelo de gestão no Vasco. Ter muito dinheiro em caixa não quer dizer que vai sair gastando por aí e investindo em qualquer coisa. O Paulo Bracks é um empregado e precisa cumprir o orçamento de uma empresa. É totalmente diferente da SAF do Botafogo que a gestão é toda concentrada na figura de uma única pessoa. O John Textor tem a grana e sai gastando como bem entender. O dinheiro é dele. O próprio empresário negocia e compra os diretos econômicos dos atletas.
No Vasco é totalmente diferente. Paulo Bracks recebeu um orçamento e precisa seguir rigorosamente o que foi combinado com a 777. Ele é um empregado de uma engrenagem complexa e deve estar sendo muito cobrado para não gastar errado. Adquirir um jogador que não corresponde é ”jogar dinheiro fora” e empresa nenhuma aceita este tipo de coisa. Bracks precisa ser assertivo ou não vai durar muito no Gigante da Colina. O executivo tem que investir a grana de forma certa para que a multinacional não tenha prejuízos. Empresa nenhuma aceita empregado que dê prejuízo, então o Bracks necessita ser certeiro nas negociações.
Resumindo: a 777 não tolera ”queimar dinheiro” por aí. Portanto, o Vasco terá um processo lento para formar o seu elenco para errar o mínimo possível. Só vai injetar dinheiro em alguma compra quando tiver certeza daquela operação. Será criterioso ao extremo, seja na questão técnica como na médica. O atleta precisa chegar saudável no Cruzmaltino a partir de agora. A 777 não vai aceitar atletas que tem histórico de lesões e que podem ficar meses e meses no departamento médico dando prejuízo para a companhia.
O Vasco virou uma empresa e visa lucro. Não falta dinheiro para a companhia, como alguns já suspeitaram. Mas a grana só será utilizada de forma certeira. Claro que terão erros, mas Bracks será criterioso para não dar prejuízo para a empresa. O torcedor escolheu este modelo na votação da Lagoa e aos poucos vai se acostumando. Melhor ser lento e vir ”Pedro Rauls” que ser rápido e contratar perebas só para dar satisfação.
A chegada do Pedro Raul é simbólico. Um clube que estava falido e agora consegue comprar um atacante por R$ 10 milhões? É um marco para o Gigante da Colina. Chegamos em uma nova era.
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