A crise financeira que assola o Vasco da Gama é um problema que se arrasta há décadas. O clube carioca acumula uma dívida trabalhista de aproximadamente R$ 250 milhões e enfrenta o desafio de reestruturar suas finanças para garantir sua sobrevivência no cenário esportivo. Recentemente, o clube apresentou à Justiça um plano detalhado que promete aliviar suas obrigações financeiras e pavimentar o caminho para um futuro mais estável.
Uma das principais frentes do plano cruzmaltino é a solicitação de recuperação judicial, focada nas dívidas cíveis, que somam cerca de R$ 350 milhões. A proposta prevê uma renegociação dos valores com os credores e a substituição do índice de correção monetária da SELIC pelo IPCA, o que reduziria significativamente os juros anuais de 13% para 7%. Essa medida busca tornar os pagamentos mais viáveis, permitindo ao clube honrar suas obrigações de maneira escalonada.
Diferente das dívidas cíveis, as obrigações trabalhistas seguirão um acordo extrajudicial. Desde 2004, o Vasco opera sob o Regime Centralizado de Execuções (RCE), que organiza o pagamento a credores de forma proporcional à receita destinada mensalmente. Apesar do esforço, cerca de 80% do valor pago anualmente pelo clube é destinado apenas à amortização de juros, deixando pouco espaço para a redução do montante principal.
O novo plano propõe um congelamento inicial de um ano nos pagamentos, seguido de uma escalada de valores anuais para quitação, partindo de R$ 1,5 milhão no primeiro ano e chegando a R$ 25 milhões no quinto ano. Com esse cronograma, o clube espera reduzir significativamente sua dívida trabalhista em até cinco anos.

Igualdade no tratamento aos credores do Vasco
Um dos pontos destacados na proposta do Vasco é a promessa de tratar todos os credores de forma igualitária, independentemente do valor devido ou do cargo que ocupavam. Isso inclui desde funcionários modestos, como assistentes de rouparia, até jogadores com salários milionários. A medida visa corrigir injustiças históricas, onde credores com maior poder aquisitivo e bons advogados conseguiam prioridade nos pagamentos.
Caso a Justiça homologue o plano, o CRVG ganhará um fôlego financeiro crucial para organizar suas finanças. Além de reduzir suas dívidas, o clube pretende apresentar ao governo federal sua boa conduta no pagamento dos credores, com o objetivo de renegociar os cerca de R$ 500 milhões em dívidas fiscais e tributárias.
Esse esforço, porém, exige comprometimento não apenas da diretoria, mas também dos conselheiros do clube. Especialistas em recuperações judiciais, extrajudiciais e falência, como o professor Pedro Teixeira, alertam para os riscos envolvidos na operação e reforçam a necessidade de decisões pautadas em critérios técnicos, deixando de lado interesses políticos que historicamente prejudicam a gestão do Vasco.
Com uma torcida de 20 milhões de apaixonados, o Gigante da Colina busca virar a página de uma história marcada por dificuldades financeiras e escrever um novo capítulo de estabilidade e conquistas. O plano agora depende de aprovação judicial e de ações estratégicas para garantir sua eficácia.
Leia mais:
Veja mais notícias do Vasco, acompanhe os jogos, resultados e classificação além da história e títulos do Clube de Regatas Vasco da Gama.